segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Pedagogia do e-Learning - reflexão crítica

O termo aprendizagem torna-se nos dias de hoje difícil de definir, já que do ponto de vista psicológico e filosófico o seu conceito tem sofrido mudanças significativas. Driscoll (2000), citado por Siemens (2004), define aprendizagem como “uma mudança persistente na performance humana ou potencial desempenho…deve surgir como resultado da experiência do aluno e a interação com o mundo”.
Em finais do século XIX a panorâmica das fontes de informação concentra-se nas teorias da aprendizagem - o behaviorismo, o cognitivismo e o construtivismo em uma época em que aprendizagem não sofria o impacto da tecnologia. Anderson e Dron (2011) apontam três gerações de pedagogias referentes a EaD. O behaviorismo- cognitivismo impulsionaram o desenvolvimento do design instrucional, o foco está na aprendizagem individual. O construtivismo, baseado em Piaget e Vygotsky, procura uma pedagogia baseada em oportunidades para interações entre alunos e professores. O conetivismo, visa responder às novas realidades introduzidas pelo avanço tecnológico e as transformações económicas, sociais e culturais, onde os papéis mudam e o aluno deverá ser capaz de encontrar e aplicar o conhecimento onde e quando necessário.
A Educação a Distância para Malvestiti (2005), citado por Bottentui (2009), constituiu, desde sempre uma modalidade educativa não convencional, sendo possível distinguir diferentes fases/gerações na sua evolução: primeira geração caraterizada por um ensino baseado em correspondência; segunda geração assinala o aparecimento dos recursos audiovisuais (TV educativa, vídeos e cassetes); a internet, terceira geração, abre novos espaços para a aprendizagem, possibilitando a comunicação síncrona e assíncrona entre professor – alunos – pares e a quarta geração é assinalada pela transferência quase na totalidade do material scripo (textos e livros) por materiais acedidos através de ambientes e plataformas de ensino.
Encontramo-nos numa transição de uma Sociedade Industrial que privilegia a cultura de ensino, para uma Sociedade em Rede que dá particular importância à cultura da aprendizagem: preparar os jovens para uma diversidade de competências (trabalho de equipa, espírito critico, capacidade de iniciativa na resolução de problemas, entre outras) exigidas pela sociedade da informação e do conhecimento. As teorias construtivistas ainda se afiguram na Educação a Distância como a teoria de aprendizagem que melhor se adequa a objetivos gerais da educação. A “hipermédia” veio possibilitar planear a aprendizagem num formato não linear, sendo possível diversificar as estratégias de aprendizagem e sobretudo adaptá-las às diferentes necessidades educativas envolvendo-as em contextos cognitivos e sócio culturais. Neste sentido, aquando a implementação de um sistema de Ensino a Distância será necessário selecionar as teorias pedagógicas mais adequadas ao ambiente de formação, já que todas assumem um papel importante. Recomenda-se o recurso às teorias construtivistas, também conhecidas pela segunda revolução cognitiva, onde partilham os mesmo princípios básicos, e apresentam uma filosofia de aprendizagem baseada na premissa de que cada um constrói o seu próprio conhecimento do mundo em que vive, refletindo nas suas experiências pessoais, regula-se ainda numa participação ativa na resolução de problemas e desenvolvimento do pensamento crítico, o aluno constrói, cria e desenvolve as próprias ideias ao invés de assimilar o conhecimento ou ideias transmitidas pelo professor. A aprendizagem é ainda influenciada pelo contexto, valores e atitudes do indivíduo. De acordo com Kerr (2007), citado por Mota (2009), “alguns aspetos reclamados pelo Conetivismo como específicos foram já cobertos no passado: com a teorização do social construtivismo, Vygotsky abordou a relação entre ambientes de conhecimento internos e externos; o construcionismo de Papert e os seus “objectos para pensar com” (objects to think with) ou a cognição activa e incorporada (embodied active cognition) de Clark também explicam muitos desses aspectos; as comunidades de práticas são outro dos modelos a ter em conta, pois perspectivam a aprendizagem como inerentemente social e situada, como também as correntes geralmente designadas como construtivistas”.

Princípios básicos do construtivismo:
- O conhecimento é construído ativamente, não é transmitido;
- A aprendizagem como um processo ativo e refletivo, não passivo;
- A interpretação da nova experiência é influenciada pelo conhecimento prévio;
- As interações sociais introduzem perspetivas múltiplas de aprendizagem;
- A aprendizagem centra-se em contextos e não em fatos isolados.

Distingue-se ainda, que na construção do próprio conhecimento, o mesmo é relativo (nada é absoluto, varia de pessoa para pessoa) e falível (nada pode ser assumido como garantido). Outro conceito importante a ter em conta é o scaffolding (suporte) – guiar o aluno do que é presentemente conhecido para aquilo a conhecer. Segundo Vygotsky, as dificuldades sentidas na resolução de problemas são devido a três categorias de carências: i) aptidões que o aluno não é capaz de desempenhar; ii) aptidões que o aluno poderá ser capaz de desempenhar; iii) aptidões que o aluno é capaz de desempenhar com ajuda. Esta última, designada pelo autor como Zona de Desenvolvimento Próximal, ou seja área de exploração cognitiva para a qual o aluno está preparado cognitivamente. Neste sentido, o “suporte” irá possibilitar serem desempenhadas tarefas que poderiam estar aquém das suas capacidades sem a ajuda guiada.



Sabe-se no entanto, que existem ambientes que se baseiam em ideias behavioristas e cognitivistas e que a seleção do tipo de teoria a um determinado ambiente de Ensino a Distância assume uma importância fundamental, tendo implicações na definição do modelo pedagógico a implementar.






Bibliografia:




Anderson, Terry & Dron, Jon (2011). Three generations of distance education pedagogy. IRRODL. Disponível em: http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/view/890.




Anderson, Terry (2010). Three Generations of Distance Education Pedagogy. IRRODL. [Elluminate Recording, Powerpoint Presentation & MP3 Recording]. Disponível em:http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/viewArticle/865/1551.




Bottentui Junior, J. B. & Coutinho, Clara Pereira (2008). Do e-Learning tradicional ao e-learning 2.0. RepositóriUM – Universidade do Minho. Disponível em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/8533




Connole, Grainne (2011). Review of Pedagogical Models And Their Use In Elearning.Disponível em: http://www.slideshare.net/grainne/pedagogical-models-and-their-use-in-elearning-20100304.




Mota, J. (2009). Da Web 2.0 ao e-learning 2.0: Aprender na Rede. Disponível em: http://orfeu.org/weblearning20/




Siemens, George (12-12-2004). Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age. elearnspace. Disponível em: http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm

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